De acordo com a tradição francesa, a “escalier d’honneur”, ou escada de honra, além da função básica de permitir a circulação, atendia à uma demanda estética: elas contribuíam para criar uma requintada atmosfera cênica na área nobre da residência. A grande escada da ala social parte do Hall e alcança o Bilhar, conhecido como Salão Império, no segundo pavimento. Sua nobreza reside no mármore de Carrara que a reveste e no guarda-corpo, feito do mesmo tipo de mármore, com ornatos em bronze dourado, inspirados na escadaria do Palácio Real de Nápoles. A forma sinuosa da escada, que após o patamar se ramifica em dois lances em curva, é outra característica marcante.
O grande vitral, fabricado em 1910 pelo tradicional atelier Champigneulle, em Paris, domina o olhar de quem sobe. O tema do vitral remete à mitologia clássica, uma das referências decorativas prediletas daquela época. Trata-se de “Apolo e seu carro de sol”.
De acordo com a antiga tradição grega, Hélio, a representação do Sol, era filho de dois titãs, Híperião e Téia. Suas irmãs foram Eos, a deusa do amanhecer, e Selene, a deusa da lua. O deus sol Hélio seria o pai de Faetonte, a quem teria emprestado seu “carro de sol”, puxado por quatro cavalos. Faetonte, desafiando as ordens do pai, conduziu o carro de sol de maneira imprudente, colocando em risco a Terra, o que causou a ira de Zeus, o poderoso deus do Olimpo. Zeus então pune Faetonte, fulminando-o com um raio.
Em algumas narrativas gregas, Hélio e Apolo eram considerados o mesmo deus, com os mesmos atributos. A temática clássica do deus sol foi bastante explorada durante o reinado de Luís XIV, o chamado “Rei Sol”, tanto na música, como no teatro e nas artes decorativas. Nos salões e galerias do Palácio de Versalhes, mandado construir pelo rei, a figura de Apolo (ou Hélio) aparece de forma estilizada em diversos ornatos.
Destacamos os seguintes itens de acervo:
Vidro – C. Champigneulle
Vitral de C. Champigneulle, passagem sobre o mito do Deus Apolo.