O antigo Bilhar, chamado de “Salão Império”, é a maior sala da ala social do Palácio das Laranjeiras, com 157 m². Originalmente, a sala destinava-se ao lazer, pois havia uma mesa de bilhar. Os grandes armários para guardar os tacos ainda existem, simetricamente opostos, encaixados na boiseries das paredes. Sobre os armários estão afixadas grandes tapeçarias da Manufatura de Beauvais.

Salão Império e seu mobiliário original. (Acervo Casa Civil) – Foto: André Gomes de Melo.

O aspecto da decoração difere das demais salas. Aqui, o estilo artístico “Império”, que remete à época do Imperador francês Napoleão Bonaparte, predomina. Os elementos decorativos que compõem o estilo são uma mistura de formas clássicas e egípcias. No início do século XIX, o exército francês invadiu o Egito e os artefatos da antiga civilização egípcia, trazidos para a França, influenciaram o gosto. As paredes da sala são revestidas por boiseries de mogno, de meia altura, ornamentadas por arandelas em bronze dourado e placas de porcelana inglesa do gênero Wedgwood. Acima das boiseries, as alvenarias possuem relevos em estuque.

O teto do Salão Império é um dos mais imponentes do conjunto: é revestido por uma imensa tela marouflages, inspirada nos ambientes neoclássicos criados pelos irmãos Adams, na Inglaterra do século XVIII. Por isso, ao contrário do que se podia esperar, não há nenhum lustre pendente do teto. A iluminação é indireta, por meio das numerosas arandelas e dos lampadário em forma de anjos.

Escultura de Joseph Chinard no Salão Império. (Acervo Casa Civil) – Foto: André Gomes de Melo.

No centro do Salão Império está a escultura em terracota “A sabedoria protegendo a inocência contra o amor”, do escultor francês Joseph Chinard. Por causa de sua arte, e também por suas posições políticas, Chinard foi preso em duas ocasiões.

No início da Revolução Francesa, o artista foi enviado a Roma para pesquisar sobre o tema de um grupo escultórico, encomendado pelo governo revolucionário: “Apolo fulminando a aristocracia” ou “A razão sobre a superstição”. Acusado de subversão, Chinard foi preso em Roma por ordem do Papa. Após a campanha movida pelos revolucionários franceses por sua libertação, o Papa concedeu o indulto ao artista, sob a condição de deixar Roma imediatamente.

Chinard voltou à França, onde tornou-se um dos símbolos da luta contra o Antigo Regime. Porém, em 1793, o escultor foi acusado pelos jacobinos, o grupo republicano mais radical da assembléia francesa, de ser contra-revolucionário. As obras do artista possuíam, segundo os acusadores, uma linguagem muito aristocrática, baseada em figuras clássicas e alegóricas, identificadas ao Antigo Regime. Mais uma vez, Chinard foi preso. E ironicamente, por motivo oposto ao de seu primeiro encarceramento.

 

Destacamos os seguintes itens de acervo:

Manufatura Real de Tapeçarias de Beauvais

Representação de cena campestre; Na metade superior, hão árvores com bastante folhas e um riacho ladeado por pedras. Na metade inferior há grupo de pessoas trajando indumentária campesina. Há um casal que se abraça, à direita e um homem que faz reverência apoiando a cabeça no colo de uma mulher que conversa com um terceiro que está atrás dela, mais ao centro da roda. As três pessoas que estão à esquerda conversam entre si. No lado direito da obra está um cachorro e objetos como cesta, toalha e barril que dão a ideia de um piquenique no local. No lado esquerdo, um arbusto em tons de verde contrasta com o tom terroso do restante do cenário da tapeçaria.

Terracota – Joseph Chinard

Escultura de “Sabedoria protegendo a inocência do amor” com representação da Sabedoria através da Deusa Minerva, que com uma capa protege o menino adormecido, que representa a inocência.
Curiosidade: Pode ser relacionada com peça, de mesma autoria, porém em mármore, que está no Getty Museum em Los Angeles, EUA.

Madeira, metal e tecido/ Talha e estofaria

Poltrona, em estilo Império, em mogno com assento, espaldar e accoudoir forrados em tecido. Decorada com aplicação de elementos fitomorfos em metal dourado e com dois cisnes, um em cada lado, embaixo do braço, também em metal dourado.
Curiosidade: a peça consta na lista de encomendas de Eduardo Guinle, é relacionada com mobiliário existente no Hotel Beauharnais, em Paris, França.