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Cobertura

A imponente cobertura do Palácio das Laranjeiras, composta por diversos telhados, tem grande significado na arquitetura do edifício. Em diferentes formatos de domos (ou cúpulas), com base retangular, quatro águas ou torreões, são recobertos por placas de ardósia nos telhados principais e telhas de cerâmica, do tipo francesas, na ala de serviços. Existem também áreas com lajes aparentes e cobertura de vidro. Os telhados são arrematados por coroamento em gradis, cordões decorados nos rincões, pináculos e mansardas em chapas metálicas.

O Torreão do belvedere tem cobertura em formato de domo, com base quadrada, e é encimado por uma lanterna de coroamento, arrematada por pináculo metálico.

As alvenarias altas, compostas por platibandas e frontões que circundam a cobertura, são decoradas por óculos e esculturas metálicas ou argamassadas, como as seis esculturas de águias e o conjunto em alto relevo, localizado na fachada voltada para o Parque Guinle.

Com o objetivo de garantir a estanqueidade do Palácio, o primeiro item a ser tratado nas obras de restauro foi a cobertura.

Vista aérea da cobertura antes das intervenções de restauro – ano de 2009.(Acervo Casa Civil) - Foto: Carlos Magno.

Diagnóstico

Os telhados encontravam-se desgastados pelo tempo, com diversos pontos de infiltração, afetando forros, sancas e elementos decorativos, como tapeçarias e marouflages. Foi identificado, através de levantamentos físicos e cálculo de vazão, que calhas muito estreitas, coletores danificados, obstruídos ou subdimensionados, e presença de vegetação, contribuíram para o agravamento das infiltrações da cobertura. Parte do madeiramento encontrava-se comprometida por umidade e ação de térmitas. Foi então realizado o mapeamento de danos com identificação das peças estruturais de madeira comprometidas.

Escadas de marinheiro com patamar técnico tinham sido instaladas nas fachadas, em intervenções anteriores, para facilitar o acesso ao interior da cobertura.

Vista aérea da fachada posterior – 2009.(Acervo Casa Civil) - Foto: Carlos Magno.

Restauro

Para realização do processo de restauro, foram utilizados andaimes externos e linhas de vida em cabo de aço fixadas na face interna das platibandas, garantindo a segurança das equipes durante as obras e futura manutenção. Nessa etapa, foram utilizadas lonas do tipo caminhoneiro para a proteção contra intempéries e plataformas de madeira para proteção dos forros.

As telhas de ardósia e cerâmica, fixadas com pregos ou grampos de cobre, foram retiradas cuidadosamente para seleção e reaproveitamento das originais em bom estado. Em seguida foram submetidas a lavagem com hidrojateamento a baixa pressão , escovação e aplicação de detergente neutro. Após o processo de recuperação da estrutura, as mesmas foram reinstaladas e fixadas com novos grampos de cobre.

O madeiramento comprometido foi substituído e descartado adequadamente. As novas peças que foram introduzidas seguiram a mesma tipologia das originais. As ripas foram integralmente substituídas.

Projeto de restauro com inserção de cobertura de vidro na área de acesso à Sala de Jogos.(Acervo Concrejato)

O antigo sistema de subcobertura em telhas de fibra foi substituído por chapas de alumínio fixadas por contracaibros, com exceção das coberturas em domos/cúpulas, nas quais existiam guarda-pós que estavam parcialmente comprometidos e precisaram ser recompostos em placas de compensado naval. Sobre as placas foi realizada uma impermeabilização acrílica estruturada em véu de poliéster.

Cobertura em fibrocimento sobre laje na varanda de acesso a Sala de Jogos, antes do restauro. (Acervo Casa Civil) - Foto: Carlos Magno.

Foram mapeados os danos e catalogados os elementos metálicos ornamentais da cobertura. Diversos tipos de metal foram identificados, tais como cobre, zinco, antimônio e alumínio. As peças foram removidas dos locais de origem para tratamento em oficina montada no canteiro de obras. Foi realizada a decapagem química para remoção da pintura desgastada e, em seguida, as peças originais passaram por serviço de funilaria, com objetivo de corrigir as deformações existentes. Perfurações foram tratadas com obturações de materiais de mesma tipologia dos originais. Peças com grandes perdas foram substituídas integralmente por novas de mesmo material. Soldas desgastadas e comprometidas foram refeitas cuidadosamente para garantir a boa vedação. Foi, então, realizada a remontagem das peças, que receberam pintura acrílica acetinada uniforme na cor verde, com acabamento em pátina, para unificar as tonalidades dos diversos metais existentes.

As escadas externas foram retiradas, em razão de se tratar de intervenção espúria, e os acessos hoje ocorrem pelo interior do telhado, através das lajes e mansardas técnicas. Os condutores verticais foram substituídos por novos nervurados em ferro fundido. Foram instalados, ainda, extravasores nas áreas que apresentavam infiltrações nos dias de chuva mais intensa.

Complementando, foi realizada a descupinização do madeiramento antigo e novo por pulverização e injeção de produtos imunizantes, limpeza geral e melhoria da iluminação interna e das passarelas técnicas de acesso ao interior das coberturas. Nesse local, estão instalados parte dos equipamentos de ar condicionado, quadros elétricos, caixas d’água e casa de máquinas do elevador histórico.

Fotos da cobertura (clique para ampliar)