
Pinturas artísticas
O Palácio das Laranjeiras tem um acervo de obras pessoal de Eduardo Guinle, constituído durante o período em que ali residiu, e por obras adquiridas na época em que o Palácio pertenceu à Presidência da República. Dentre as muitas obras de arte, existem cerca de 34 pinturas de renomados artistas como Franz Post, Felix Ziem, Hyacinthe Rigaud, Nicolas Taunay e Gustave Jean Jacquet e muitos outros.
Por serem pinturas de alto valor artístico e histórico, o restauro e a conservação foram realizadas por equipe especializada, com larga expertise em pinturas de cavalete. A restauração das 22 pinturas artísticas foi realizada no ano de 2016, em atelier montado dentro do próprio Palácio das Laranjeiras, e contou com a consultoria de restauradores renomados.
Restauro
Todas as telas/suportes de madeira foram removidas de suas molduras para que fosse realizado o mapeamento de danos e testes de limpeza. Após essa etapa, iniciou-se a intervenção propriamente dita com a documentação de todo o processo.
As molduras passaram por um processo de desintetização, as galerias de cupins foram preenchidas com resina poliéster e as perdas de volumetria refeitas com resina epóxi bicomponente. Após esse processo as mesmas foram limpas e passou-se a etapa de douramento, finalizado com verniz.
Os chassis que estavam muito fragilizados por infestação de cupins, rachados ou muito empenados foram trocados, os demais foram restaurados, colando as partes quebradas e preenchendo as galerias ocasionada por xilófagos com resina poliéster.
Fotos da restauração (clique para ampliar)
- Moldura antes do restauro.
- Moldura durante o restauro.
- Moldura após a restauro.
- Moldura atacada por cupim.
- Aplicação de cupinicida nas galerias.
- Perda de ornatos.
- Modelagem do ornato perdido.
- Limpeza química.
- Aplicação de “ bol armênio” nas áreas de perda.
- Douramento com folha de ouro verdadeira.
- Douramento com folha de ouro verdadeira.
- Finalização douramento moldura.
As pinturas que apresentavam descolamento da camada pictórica foram refixadas e consolidadas com adesivo seguro e eficaz, sem modificar sua aparência original. Em seguida, essas pinturas foram levadas para uma mesa térmica sob vácuo, visando garantir a refixação da camada pictórica. As telas que se encontravam excessivamente frágeis ou rasgadas foram reenteladas.
Foram realizados testes de solubilidade para a definição dos produtos mais adequados ao processo de higienização das pinturas. Cada uma delas, tendo em vista suas especificidades técnicas, demandaram o uso de reagentes quelantes específicos.
Os vernizes antigos foram removidos quando alteravam a aparência da obra. A seguir, efetuou-se o nivelamento nas áreas de perda da camada pictórica com massa apropriada e, posteriormente, aplicou-se um verniz intermediário.
A restauração das pinturas foi baseada na mínima intervenção, alcançada através da reintegração cromática pontual, visando a unidade da obra de arte. Cada pintura recebeu uma camada de verniz final, levando-se em conta a estabilidade desse material e sua adequação estética.
Fotos da restauração (clique para ampliar)
- Remoção de verniz alterado.
- Remoção de verniz alterado- detalhe
- Nivelamento das áreas de perda.
- Aplicação de camada de verniz intermediário.
- Reintegração cromática das áreas de perda.
- Reintegração cromática nas lacunas.
- Aplicação de verniz final.
No caso da pintura de “A Nobre Veneziana”, do século XVI, o restaurador Edson Motta afirma que “a remoção de repinturas revelou um tratamento pictórico delicado e bem modulado que, no entanto, encontrava-se comprometida pelo agressivo craquelado das áreas do rosto e das mãos da retratada. Assim sendo, parte do esforço de reintegração pictórica foi dirigido a estas áreas com o objetivo de restaurar as nuances de volume e matização cromática da carnadura.”
Todas as pinturas artísticas restauradas receberam um fechamento na parte traseira, de foamboard, para evitar o acúmulo de sujidades e proteger as telas das excessivas flutuações de umidade relativa.