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Tecidos Parietais

Com a finalidade de definir os tecidos decorativos das paredes do Palácio das Laranjeiras foi formada uma comissão de técnicos da Casa Civil, do IPHAN e do INEPAC que realizou pesquisa histórica em diversas fontes bibliográficas. Arquivos de fotografias, publicações, vídeos e catálogos de épocas e filmes, disponibilizados pelo Arquivo Nacional, foram fundamentais para a pesquisa que teve ênfase no período em que presidentes e governadores ali habitaram.

Nas curtas imagens obtidas, todas em preto e branco, foram cuidadosamente observados cada um dos cômodos, no intuito de se identificar seus detalhes decorativos. Dessa maneira, foi possível conhecer algumas transformações pelas qual o Palácio passou, sendo a última delas realizada na década de 1980. Também utilizou-se do método de prospecção, possibilitando a visualização dos tecidos anteriormente existentes.

Por questão de segurança todas as camadas de tecidos encontradas foram removidas, permanecendo apenas um “testemunho”: recortes de tecidos com cerca de 50x50cm. Os novos tecidos aplicados receberam proteção anti-chama.

O Palácio das Laranjeiras é ornamentado, em grande parte, ao gosto Francês, passando por diversos estilos. Os tecidos decorativos de parede mais utilizados nesses períodos foram os de padrão adamascado e tapeçarias, seguindo os temas campestres e palacianos.

Na impossibilidade de encomendar tecidos idênticos aos encontrados, a comissão decidiu buscar no mercado exemplares que mais se aproximassem dos originais, sempre respeitando os estilos decorativos de cada ambiente e as pesquisas realizadas.

O revestimento de tecido nas paredes dos ambientes do Salão Luís XIV, do boudoir, do Quarto das Crianças e do Quarto Luís XV foram substituídos por novos, apenas na Biblioteca permaneceu o tecido existente, por estar em bom estado de conservação.

“Testemunho” na parede do Quarto das Crianças. (Acervo Casa Civil)

Salão Luís XIV

Registros datados de 1947, momento da compra do Palácio pela Presidência da República, indicam a presença nos tecidos parietais do Salão Luis XIV de um rapport de cerca de 35cm, contendo 6 repetições na altura. Baseando-se em referências históricas, como por exemplo, na fotografia abaixo, e também seguindo os princípios da arte decorativa, a comissão optou por substituir o tecido existente, veludo bege liso, pelo padrão adamascado, com um rapport de 35cm, lavrado em seda, em tom de dourado e bege, com motivos florais e arabescos acetinados, contrastando com o fundo fosco.

Detalhe do tecido antes da restauração. / Detalhe do tecido novo. (Acervo Casa Civil) - Foto: André Melo.

Parede Salão Luís XIV após o restauro, forrada com novo tecido adamascado, em seda dourada. (Acervo Casa Civil) - Foto: André Melo

Boudoir

O Boudoir é uma típica sala feminina e por isso os tecidos tendem a ser delicados. Em decorrência da natureza do material e das diversas infiltrações ocorridas ao longo dos anos, se fez necessária a substituição total dos tecidos parietais.

As prospecções no local revelaram três camadas de tecido e uma camada de forro. Todas essas camadas foram analisadas em laboratório, identificando-os como mistos de seda e algodão.

Respeitando as pesquisas iconográficas, as prospecções in loco e as análises laboratoriais, o novo tecido foi escolhido com a mesma composição química daquele encontrado na camada mais antiga e a padronagem obedeceu à tipologia da estampa existente em ambas as camadas. Essa escolha procurou harmonizar o ambiente com a nova cor das boiseries, que após prospecções apontaram para uma tonalidade verde clara.

Estado de conservação dos tecidos antes da restauração. (Acervo Casa Civil)

Camadas encontradas nas prospecções realizadas in loco. (Acervo Casa Civil)

Tecido escolhido - Detalhe da emenda do rapport. (Acervo Casa Civil)

Boudoir com os novos tecidos aplicados. (Acervo Casa Civil) - Foto: André Melo.

Detalhe do novo tecido instalado após restauração. (Acervo Casa Civil) Foto André Melo

Quarto Luís XV

No Quarto Luís XV a camada de tecido existente antes das intervenções de restauro, um adamascado bege, foi a única informação encontrada durante a prospecção. Por se tratar de um ambiente da ala íntima do Palácio, há uma escassez de registros fotográficos que sirvam de referência. Por este motivo foram levadas em consideração as características dos materiais e de padronagem dos demais ambientes, somados à cor e aos detalhes decorativos presentes, para a escolha do novo tecido. Sendo assim, foi definido um tecido adamascado em algodão, em tom de verde claro com motivos florais e arabescos acetinados, contrastando com o fundo fosco.

Quarto do Casal / Luis XV com novo tecido instalado na parede. (Acervo Casa Civil)

Tecido em detalhe. (Acervo Casa Civil)

Tecido existente antes da restauração e novo padrão escolhido. (Acervo Casa Civil)

Quarto das Crianças

Através da prospecção do tecido parietal verificou-se que das três camadas existentes, a mais antiga era em seda listrada nos tons de amarelo e rosa, com efeito moiré.

Em análise laboratorial, realizada pela restauradora Cláudia Nunes do IPHAN, verificou-se que este tecido continha em sua composição fibra sintética cuja produção foi iniciada somente no Pós-guerra (1945), descartando a possibilidade de ser o tecido original. No entanto, a comissão decidiu manter o tecido em seda listrada, nos mesmos tons, com efeito decorativo de moiré, por ser a mais antiga referência encontrada.

Apesar de intensa busca no mercado têxtil, não foi possível encomendar um tecido com as características definidas pela comissão, optou-se por um tecido em seda listrada sem o efeito moiré.

Prospecções encontraram três camadas de tecidos aplicados um sobre o outro. (Acervo Casa Civil)

Amostra do tecido escolhido. (Acervo Casa Civil)

Quarto das Crianças com os novos tecidos instalados. (Acervo Casa Civil) - Foto: André Melo.

Detalhe do tecido no local. (Acervo Casa Civil) - Foto: André Melo